18
dez
2013

A política das cabeças cortadas

1461154_566429800098848_1645515320_nTalvez não haja em línguas latinas adjetivos capazes de descrever os tipos de feras que estão habitando a Penitenciária de Pedrinhas. Ao enxoval de vergonhas que veste o Maranhão, acrescentam-se esses dantescos rituais de evisceração que quase não mais se vê nas penitenciárias brasileiras e em lugar nenhum do mundo. Nem as mais diabólicas seitas que no correr da história ofereceram sacrifícios humanos conseguiram imaginar tão animalesco estado de crueldade.

Mas o pior é pensar que disputas de poder estejam conduzindo essa barbárie e que o objetivo possa ser defenestrar do cargo o atual secretário de Justiça, Sebastião Uchoa. Sendo isso, lamentamos dizer, mas o Maranhão ultrapassou os limites da ingerência e está sendo governado ao bel prazer de disputas paroquiais tão encarniçadas que violentam até mesmo a condição humana. Os carniceiros de Pedrinhas teriam chefes, conselheiros, tutores patrocinando   esse   espetáculo  de horror intermitente que mancha a dignidade do Estado e nos coloca ao nível dos piores bárbaros da Idade Média.

O sistema de segurança desse Estado afundou. Não há mais desculpas plausíveis para manter-nos indefinidamente sob os holofotes da vergonha nacional. Não bastassem os indicadores sociais que nos humilham, defendemos agora o título de campeões mundiais de degola humana, imbatíveis em matéria de decapitação. Chega a doer na alma. Mais grave é que a sociedade começa a se perguntar quem está no controle dos carniceiros. Sim porque se sente no ar o cheiro de golpe, de armação contra a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária a cada uma dessas desumanas rebeliões.

Sendo  isso,  rezemos  todos, noís pratica-se no Maranhão a política das cabeças cortadas. Ainda há pouco, no mês de outubro, uma rebelião do mesmo modelo, no mesmo presídio acabou com um saldo de 9 mortos e 20 feridos.

A constância dessas sublevações e motins, assim como a facilidade com que se organizam fugas, frustradas ou não, é que levantam a suspeita de que algo além dos interesses defendidos por facções criminosas invadiu o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Essa última e fratricida rebelião teria origem na disputa de poder dentro de uma mesma facção. Já não seriam duas facções em disputa pelo controle do presídio. Mas é tudo tão estranho que a sociedade já se pergunta se este é o único poder em disputa por detrás dos muros da Penitenciária.

Sendo isso, cabe-nos perceber que está faltando autoridade à governadora para conter seus comandados. Se alguma preocupação ela tiver com a imagem de seu estado, precisa encontrar meios de conter tanta carnificina. E parece-nos que a única saída é por fim a essa nauseante política de cabeças cortadas que está sendo praticada na vizinhança de sua autoridade. E, se precisar, que ela também corte cabeças.

Editorial do Jornal Pequeno.

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