10
jan
2014

Cirurgia retira parte da pele de Márcio Ronny que teve 72% do corpo queimado

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Márcio Ronny da Cruz sendo deslocado a sala de Cirurgia. Fonte, G1-GO (Luísa Gomes)

Foi considerada bem sucedida pela equipe médica a primeira cirurgia realizada no entregador de frangos Márcio Ronny da Cruz, 37 anos, na manhã desta sexta-feira (10), no Hospital Geral de Goiânia (HGG). O homem mora no Maranhão e foi transferido para a capital goiana para realizar o tratamento. Ele teve 72% do corpo queimado ao tentar salvar duas crianças de dentro de um ônibus incendiado no estado nordestino.

Após a primeira cirurgia, o estado de saúde do paciente ainda é considerado grave, porém estável. Ele segue internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital, respirando com a ajuda de aparelhos. Para o procedimento, que teve duração de uma hora, foi mobilizada uma equipe de  três cirurgiões plásticos, um anestesista e quatro técnicos de enfermagem.

Segundo o cirurgião plástico que liderou a equipe, Fernando de Nápole Azevedo, o procedimento, chamado desbridamento cirúrgico, tinha como objetivo retirar a pele queimada e morta com o intuito de evitar infecções. A intenção é preparar o corpo para receber uma nova pele, que pode ser do próprio paciente ou de um substituto artificial.

A estimativa da equipe é que Márcio Ronny passe por novas cirurgias na próxima semana, dependendo de seu estado de saúde. “A pele não pode ser retirada de uma só vez. Podemos dizer que tiramos a maior parte. Dentro de três dias uma nova retirada vai ser feita”, explicou o cirurgião. Segundo o médico, a região anterior das duas coxas de Márcio Ronny não foram queimadas.

De acordo com Azevedo, o principal risco durante a recuperação é de a lesão levar a complicações como insuficiência renal e limitação dos movimentos musculares.

O  paciente deve cotinuar no Hospital Geral de Goiânia (HGG) até que consiga uma vaga no Pronto Socorro de Queimaduras, no Setor Oeste.

Violência
Márcio Ronny é uma das cinco vítimas dos ataques a ônibus ocorridos na sexta-feira (3), em São Luís. Ele voltava do trabalho para casa quando o ônibus em que estava, na Vila Sarney Filho, foi incendiado.

O homem teve 72% do corpo queimado quando ajudou a retirar do ônibus duas meninas, entre elas Ana Clara Santos Sousa, 6 anos. Ele a abraçou ao sair do veículo, pois o corpo da criança estava em chamas. A garota teve mais de 90% do corpo queimado e morreu na última segunda-feira (6).

Dezesseis pessoas já foram presas no Maranhão suspeitas de participar de ataques a ônibus e delegacias de São Luís.

No Maranhão, Márcio mora com a esposa e cinco filhos. O homem é quem mantém a casa fazendo “bicos” como entregador de frangos. Ele embarcou para Goiânia na tarde de quarta-feira (8), em um jatinho aeromédico. O paciente seguiu acompanhado por um médico e dois enfermeiros, além da irmã dele, Assunção da Cruz Neves.

A mulher acredita na recuperação do irmão, que está internado em estado grave: “Estou confiante, tem tudo para dar certo”, disse Assunção ao G1. A educadora disse que não considera o irmão um herói pelo fato de ele ter ajudado a retirar duas meninas de dentro do ônibus incendiado. Para ela, a atitude apenas enaltece as qualidades de Márcio. “É a valorização que ele tem pelo ser humano. Ele é desprovido de qualquer sentimento de egoísmo. A atitude dele mostrou sua solidariedade e amor ao próximo, independente de quem seja”, elogia.

Para a mulher, a violência em seu estado faz com que todos “vivam com medo”. “Há aquelas pessoas que se aproveitam desse momento para praticar mais atos de vandalismo. Eles [governantes] deviam dar mais segurança para a população. Pagamos impostos e precisamos ser assegurados”, reclama.

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