Grande parte da comida fornecida ao detentos de Pedrinhas é desperdiçada. Os presos alegam que as quentinhas são de péssima qualidade e terminam rejeitando a comida. As sobras são vendidas a R$ 5,00 reais o saco na porta do presídio. O jornalista Fernando Gabeira flagrou o momento em que grande quantidade de restos de comida era colocada em uma carroça por um criador de porcos.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o governo do estado gastou no ano passado R$ 23,5 milhões com a Masan Comercial Distribuidora Ltda. O montante supera em 147% o que foi pago em 2011 à mesma empresa, única fornecedora de marmitas para cadeias do Estado.
Com sede no Rio, a Masan já recebeu R$ 97,2 milhões de diversos órgãos do governo maranhense desde 2011. Quase metade do valor (R$ 47,6 milhões) saiu da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap). Os contratos preveem “prestação de serviços de preparo, transporte e fornecimento de alimentação aos estabelecimentos penais”.
“Muitas vezes, o frango vem cru, o arroz duro e o feijão, estragado. Nada presta. É impossível comer”, disse ao Estado um preso do regime semiaberto.
Mulheres de detentos também reclamam da comida e dizem que a maioria dos presos não consegue comê-la. “É tão ruim que sobra, e os presos do semiaberto colocam em carrinhos de mão e vendem para os criadores de porcos. Um carrinho de mão cheio custa R$ 5“, contou uma mulher de 41 anos, cujo marido está preso há 10. Segundo ela, frequentemente a carne vem crua e os homens têm de cozinhar novamente nos fogareiros improvisados nas celas.
O vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Cezar Castro Lopes, afirmou que no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas mais da metade das marmitas é devolvida pelos presos. “Quem recebe comida de parentes não come a quentinha. Acaba indo tudo para o lixo.”
Segundo Lopes, em algumas unidades prisionais os agentes penitenciários contratam cozinheiras para não comer as quentinhas fornecidas pela Masan. O sindicato já teria comprado fogões e geladeiras para os agentes em alguns presídios.
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