Com edição, análise da jornalista Lígia Texeira
É lamentável que setores da sociedade, da classe política e da mídia, vendam a falácia de que grupos e movimentos de direitos humanos que estejam atuando no presídio, o façam para proteger bandidos. Vocês já pararam para pensar quem são as pessoas e a quem pertencem os meios de comunicação que agora atacam os grupos ligados a direitos humanos, atuando em Pedrinhas?
Pois, é na onda da falácia sobre o papel dos grupos de direitos humanos, o empresário Edson Lobão Filho – o Edinho Lobão- fez mais uma dessas declarações infelizes vindas de membros do grupo Sarney, que ultimamente tem chocado o país pela torpeza, superficialidade e alienação (se calculadas ou espontâneas, não sabemos).
Lobão Filho acha um absurdo que a comissão de direitos humanos do Senado Federal se preocupe com o sistema prisional do Maranhão, quando na verdade deveria se preocupar mais com as vítimas dele: “A prioridade absoluta da comissão tem que ser prioritariamente das vítimas, depois dos policiais que foram alvo dessa violência, e, no final da fila, os presidiários”, declarou em entrevista ao G1 na chegada da comissão de senadores da república que vieram ao Maranhão checar as condições de Pedrinhas.
Edinho Lobão, é senador da república por uma dessas aberrações da legislação eleitoral, que permite a candidatos ao senado escolher quem bem entendem para ocupar a suplência do cargo e consequente cadeira no senado, em caso de afastamento do titular.
Do ponto de vista do senso comum, a declaração de Edison Lobão Filho é perfeita. Mas é claro que a sociedade e as instituições não podem priorizar criminosos perversos que matam, assaltam, estupram e fazem vítimas todos os dias na crescente violência que assola as grandes cidades. É compreensível que a sociedade como um todo veja a cadeia como lugar de punição, de isolamento e de expiação, que presidiários sejam esquecidos e abandonados pelo Estado.
A questão é que o raciocínio de Lobão Filho omite, confunde e desvia da razão pela qual verdadeiramente Pedrinhas entrou na pauta do interesse dos grupos de direitos humanos. Se senadores, advogados e militantes das causas humanitárias questionam o modo como o governo do estado abandonou o sistema prisional, isso ocorre porque o caos nos presídios gera caos na sociedade e a morte de Ana Clara é a evidência mais cruel dessa realidade.
Por outro lado, o Maranhão, um dos estados que menos produz casos de privação da liberdade de criminosos, está prendendo quem? Por acaso há algum membro da elite maranhense em Pedrinhas? O Maranhão, estado recordista de casos de improbidade administrativa, condenou algum corrupto a amargar prisão em Pedrinhas?
O Sistema é perverso, prende exclusivamente pobres, quase exclusivamente negros e até 2012, segundo o próprio poder judiciário, 57% dos enclausurados em penitenciárias do Maranhão não tinham ido a julgamento. Quantos desses estavam entre os mais de 60 decapitados em Pedrinhas no ano passado? É justo que apenas maranhenses pobres apodreçam ou morram exterminados por decapitações em Pedrinhas? São esses que Edinho Lobão quer deixar no fim da fila?
Trocando em miúdos: a falência do sistema prisional maranhense, pune duplamente os mais pobres. Pune ao prender apenas pobres e negros e pune ao permitir que o caos no sistema extrapole para as ruas, deixando em situação de vulnerabilidade exclusivamente os moradores das periferias . Pelo menos por enquanto.
Quem é Edinho Lobão?
Ao fazer o discurso vazio de que os senadores da Comissão de Direitos Humanos deveriam esquecer o sistema prisional maranhense, o que Edinho quer é esconder essa realidade perversa a qual TODOS os maranhenses estão expostos. Realidade perversa produzida pelo grupo político a que pertence o suplente de senador Edinho Lobão.
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